segunda-feira, 12 de março de 2018

Muitas vezes tentamos definir a vida em frases feitas. O mundo dá voltas, a vida é uma montanha russa, blá blá blá. É como se incessantemente procurássemos um manual de como enfrentar tudo isso.
Hoje eu descobri, muito a contragosto, que nada aprendi. Não aprendi porque a vida não é feita de padrões de forma que, as situações nunca são previstas.
Também descobri que nunca nem soube o que quero fazer, quais coisas quero viver, que caminho quero seguir. E também não sei mais dizer se a vida é injusta, ou se eu não aprendi a fazer justiça com a vida que ganhei.
Acho que das frases feitas eu gostaria de dizer: a vida é uma montanha russa. Não se pode nunca esperar pelos dias bons, sem lembrar que os ruins vem a seguir. E porquê? Deve ser aí que está a explicação que todos buscam. Deve ser pela falta de capacidade em se contentar, da tal da busca infinda pela felicidade.
Eu descobri que não sei ir até o fim dos meus planos, de nenhum. Já decidi inúmeras coisas na minha doença, por exemplo; já decidi que ninguém nunca saberia, depois decidi que todos saberiam; decidi que eu seria o exemplo pra todos que passassem pelo mesmo e agora eu sequer consigo enfrentar meus próprios medos.
Acho que tenho feito cálculos errados. A primeira vez que saí de casa, com 17 anos, eu vivia a euforia de uma adolescência, e achava que era dona do mundo, e fui; e eu ainda não estava preparada pra tanta coisa; no final o saldo só foi positivo porque naquele momento (pelo menos), eu me tornei mais forte. Fui e voltei; aos 19 eu saí de novo e agora, com um pouco menos de ilusão, eu vivi os melhores anos da minha vida; mesmo que meu coração doesse de saudade, minhas boas histórias de vida vem daí. E depois eu voltei de novo. E esse voltar doeu, como se de alguma forma eu tivesse perdido minhas asas pelo meio do caminho. Porquê eu tinha TANTOS sonhos, e eles pareciam que tinham que ficar pra trás; a vida que eu ia ter a partir daquela hora parecia me obrigar a pensar assim, então arrefeci. Fiquei por ali procurando coisas que tapassem o buraco das outras coisas (e não deu certo).
Então eu fiquei doente, e passou. E voltou. Posso dizer que esses 8 meses me fizeram a pessoa mais perdida, mais incoerente, mais insatisfeita e mais horrorosa do mundo. Tudo que eu achava que tinha aprendido, eu desaprendi. Perdi o bom senso, esqueci quais eram meus planos, meus sonhos. Tudo começou com uma história meio: Mariana como bom exemplo de vida. Agora eu me sinto mais como: não faça nada do que eu faço se quiser ser feliz.
Todo dia acordo de um jeito inesperado, e nem digo fisicamente, digo psicologicamente. Primeiro eu achava o mundo injusto e cruel, depois eu comecei acreditar que eu tinha então as melhores armas pra fazer a justiça no mundo, e agora eu só tenho pás que cavam o fundo de um poço.
No começo eu achava que tinha aprendido que devemos dizer, nos pormenores, tudo que sentimos, a quem sentimos, e nunca diminuir ou menosprezar a dor de ninguém, a luta de ninguém, o cuidado de ninguém. Hoje eu poderia viver tranquilamente isolada sem respeitar nenhum carinho que as pessoas têm tido, a preocupação que elas têm para comigo. E não me pergunte o motivo, eu apenas não sei. Desaprendi.
Antes eu fui rejeitada, amorosamente falando. Antes da doença, talvez por causa da famosa frase: "bonzinho só se fode". Depois da doença, talvez porque as pessoas pensassem que em algum momento eu seria algum tipo de estorvo (talvez elas estivessem certas), como se eu fosse desenvolver alguma demência, ou cair dura no meio da rua, descobri fortemente o que era preconceito. Agora eu me livrei de todas essas coisas, em alguém, e eu não sei lidar. Não consigo acreditar que posso ser atraente, ou feliz, ou que tenha qualidades suficientes (ou alguma que seja) pra ser percebida, ou 'gostada' (amada aqui ainda seria muito forte), e sabe o que eu fiz? Tenho me tornado a pessoa mais insuportável que qualquer pessoa não ia querer por perto.
Sei dizer que tenho lutado contra todas essas coisas (ou não); mas quando eu supostamente deveria ter aprendido, eu desaprendi.
Hoje quando acordei lembrando de um texto, que na altura da minha adolescência eu lia inúmeras
vezes ele assim diz:
"Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados."
É isso que acontece agora: eu sendo controlada pelos meus atos.
Há uma semana eu decidi que não escreveria mais, mas eu também descobri que esse é o único jeito que sei dizer, com alguma coerência e organização, as coisas que sinto. 

E aí Mari, como é morar em Portugal? FINAL HAHAH

Tenho percebido que as pessoas tem visto Portugal como 'o Eldorado', como o lugar mais maravilhoso e perfeito. Meus posts têm bem e...